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segunda-feira, 20 julho 2020 14:40

Como está a funcionar a cadeia de abastecimento? Sem roturas, garante a FIPA

O presidente da Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares (FIPA), Jorge Tomás Henriques, entende que a melhor forma de garantir a cadeia de abastecimento é “assegurar que todos os elos mantêm as condições para fazer face aos enormes desafios colocados por uma realidade completamente nova”.

 

Em declarações à Store, constata que a indústria alimentar tem sido um “pilar central” para a continuação de um abastecimento alimentar “sem roturas e com disponibilidade de produtos diversificados e seguros”. No entanto, são vários os desafios que têm de ser ultrapassados, diariamente, para assegurar o funcionamento.

Aponta, neste contexto, as questões de gestão de recursos humanos e equipamentos de segurança, as operações logísticas, a gestão de sortidos, a garantia de abastecimento de matérias-primas, entre outros fatores que, apesar de serem visíveis aos olhos do consumidor, estão na base do “objetivo final”, que é “manter a disponibilidade de alimentos nas prateleiras do retalho e nas explorações pecuárias para os animais”.

Mas não ficam por aqui. Os desafios englobam também a mudança “de um dia para o outro” da rotina de compras, das prioridades dos consumidores e da tipologia de refeições. E salienta o facto de o canal HORECA, entendido como um “elo muito importante da cadeia de valor", ter ficado reduzido “praticamente a zero”. Embora se mantenha operacional, a indústria alimentar e das bebidas sofreu um “enorme impacto” com a suspensão do consumo fora de casa, devido à declaração do Estado de Emergência.

Destaca que os principais responsáveis pela continuidade do abastecimento têm sido os empresários e os trabalhadores da indústria alimentar, que “não baixam os braços e que continuam a garantir a produção”.

Importante também – diz – foi a base de diálogo que, desde logo, se estabeleceu e que reúne diversos atores da cadeia de abastecimento e o governo. A federação integrou o grupo de acompanhamento e avaliação das condições de abastecimento de bens nos setores agroalimentar e do retalho, que agrega as “principais organizações da fileira” – produção, indústria, distribuição, transportes –, o secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor e o secretário de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Rural.

Por se tratar de uma situação “extraordinária”, houve também ajustes, por parte das organizações, como é exemplo a adaptação às recomendações da Direção-Geral da Saúde, entre as quais as distâncias, alargamentos das zonas de utilização de equipamentos de proteção individuais (EPI) e rotação de equipas.

Quanto ao facto de se privilegiar a produção nacional, afirma: “Naturalmente que a nossa primeira missão é garantir a recuperação da economia nacional, procurando, sempre que isso é possível, um abastecimento de matérias-primas de origem nacional, contribuindo, assim, para substituir importações por produção local”. Paralelamente, Jorge Tomás Henriques sublinha a importância das exportações: “A indústria alimentar e das bebidas atingiu, no final de 2019, um volume de negócios recorde, mas, ao mesmo tempo, consolidou o valor acima dos cinco mil milhões nas exportações. Devemos defender a produção nacional, mas devemos, também, perceber que nos últimos anos o crescimento do volume de negócios se deveu às exportações”. Posto isto, a FIPA defende, “acima de tudo”, o reforço das dinâmicas do mercado interno ao nível da União Europeia e, simultaneamente, a “continuidade do caminho que vinha sendo traçado ao nível do comércio com países terceiros”.

Para o futuro, aponta que, “sem hipotecar a ideia de um comércio global”, o desafio passa por investir de forma a reduzir a dependência de países terceiros. Apostar numa rede logística segura, no desenvolvimento da ferrovia, na modernização e eficiência dos portos nacionais, na inovação e na digitalização, convergindo, assim, para o aumento de redes de eficiência, são exemplos apontados para a criação de um mercado “único, forte e solidário” e que haja uma distribuição de valor “muito mais equitativa”, na cadeia de abastecimento.

Fonte: Store