segunda-feira, 28 novembro 2016 16:33

Portugal Sou Eu: “O nosso foco é o consumo informado”

Portugal Sou Eu: "O nosso foco é o consumo informado"Mais de quatro mil produtos de 1500 empresas. É este o ponto de partida do programa Portugal Sou Eu para a segunda fase, marcada pela entrada de novas entidades nos órgãos de gestão. Entre elas a APED, que Miguel Cruz, presidente do IAPMEI, o organismo responsável pela operacionalização do programa, reputa de essencial para a dinamização e aprofundamento, mas também para a promoção do consumo informado. É que esta é, sublinha, a mensagem chave associada aos níveis de incorporação nacional em produtos e serviços.

Store Magazine | Que balanço faz do programa Portugal Sou Eu?

Miguel Cruz | Estamos a falar de um programa que tem pouco mais de três anos efetivos, porque foi aprovado em 2011 mas foi preciso tempo para a operacionalização e o arranque, nomeadamente porque obrigou ao estabelecimento de parcerias com um conjunto de entidades. É o tipo de programa que carece, inevitavelmente, de algum tempo de maturação, para construção da marca e notoriedade.
Dito isto, o balanço é positivo. Estamos a falar de mais de quatro mil produtos, de 1500 empresas, o que nos dá uma perspetiva muito interessante, não só porque o número de produtos é alargado mas porque há um rácio razoável de produtos por empresa.
Quando foi pensado, o programa foi muito dirigido a um conjunto de produtos que achávamos que rapidamente podiam ser abrangidos, com uma concentração muito específica no agroalimentar. Mas assumidamente. Porque este setor dá uma visibilidade muito grande ao programa e também porque são empresas com uma dimensão muito grande em termos de volume de negócios e de postos de trabalho associados ao programa. Estamos a falar de um volume de negócios associado ao Portugal Sou Eu na ordem dos quatro milhões de euros.
A primeira fase registou um crescimento muito grande, sendo que estamos agora no processo de renovação da atribuição do selo. Posso dizer que muitas empresas estão a renovar.

 

Store | O que ganham as empresas em aderir?

MC | Em primeiro lugar, ganham visibilidade. O selo permite reconhecimento e a identificação com um determinado conjunto de valores que têm a ver com os níveis de incorporação nacional. Mas também ganham em informação. Vale a pena dizer que conhecemos várias empresas que, ao fazerem o levantamento dos requisitos para candidatura, tiveram uma surpresa relativamente a esses níveis de incorporação nacional. E esse conhecimento é importante até como fator de reconhecimento entre as várias empresas, pois permite o aprofundamento dos negócios entre elas. Isto é, saber que um fornecedor possui um determinado nível de incorporação nacional pode ser potenciador de uma relação mais favorável, por comparação com um fornecedor com um nível de incorporação menor.

 

Store | A propósito de visibilidade, que benefícios advêm da escolha do agroalimentar como setor preferencial?

MC | De facto, mais de 60% é agroalimentar, o que significa que temos uma grande percentagem de produtos que se destina ao consumidor final. E é óbvio que são aqueles em que o ganho da adesão ao Portugal Sou Eu é mais evidente, precisamente pela visibilidade e pelo que gera de reação dos consumidores. Mas também temos empresas que produzem para consumidores intermédios, isto é, que são fornecedoras. Aliás, trabalhamos muito este tema da relação entre empresas. Esta questão do fornecimento de informação sobre os níveis de incorporação nacional é muito útil para aprofundar essa relação, pelo que, mesmo para consumidores intermédios, há vantagens óbvias.

 

Store | A atribuição do selo influencia de alguma forma a decisão de compra? O que se sabe sobre o comportamento do consumidor neste âmbito?

MC | Temos algum trabalho feito nesse âmbito, alguns estudos sobre a notoriedade e o impacto no consumo. E a resposta é sim, já começa a haver impacto. Ainda assim, todos sabemos que depende do tipo de produto e do setor, além de que há outras variáveis, nomeadamente o preço, que é, e será sempre, uma condição inultrapassável. O que está em causa é informar o consumidor e permitir que não tenha só uma variável de decisão. E aqui vale a pena assinalar que a mensagem de consumo informado que o selo Portugal Sou Eu passa tem muito diretamente a ver com aspetos de natureza quantitativa sobre os níveis de incorporação nacional, o que é uma informação muito sólida. E, sabemos que a perceção desses níveis de incorporação tem algum impacto na decisão de compra. É isso que nos interessa explorar. Mas precisamos de ter cada vez mais produtos e de uma notoriedade de marca cada vez maior. A propósito, há um aspeto que considero importante e que é o facto de a generalidade das empresas com selo atribuído já terem vindo renová-lo ou manifestado em interesse em fazê-lo, o que é um sinal claro da utilidade que tem para a própria empresa. E isso remete para a estabilidade do programa, para a segunda fase em que agora entrámos.

 

Store | Essa fase inicia-se com um reforço da estrutura operacional. O que justifica a entrada de novas entidades?

MC | A entrada de novas entidades [AHRESP, AICEP, APED, CCP, Confagri e Turismo de Portugal] significa exatamente que há um reforço da dinamização do programa, pois são entidades que valorizam o Portugal Sou Eu e que se comprometem com a sua disseminação, com o aprofundamento da sua abrangência, nomeadamente junto das empresas que representam. Trata-se de garantir que a disseminação do programa não se faz apenas pela atribuição do selo, mas pela adesão de um conjunto de canais. Na prática, estamos a falar de três áreas – os produtos, os serviços e os estabelecimentos aderentes. Em relação aos serviços, o que acontece é que a atribuição do selo arrancou substancialmente mais tarde, só depois de já termos consolidado a avaliação do nível de incorporação nacional nos produtos. É, por isso, uma área que tem de ser aprofundada.

 

Store | Qual a mais-valia da entrada da APED para o órgão operacional?

MC | A grande mais-valia é, desde logo, a grande experiência que a APED tem do ponto de vista de passar a mensagem, de gerir campanhas, de atuar de forma que rapidamente chega aos consumidores. E os seus associados, nomeadamente as grandes superfícies, representam canais obviamente importantes para dar visibilidade aos produtos que têm o selo. É, pois, muito importante que possam participar no programa e influenciar a própria gestão. É uma participação que já andávamos a discutir há algum tempo e temos a perfeita noção de que o aprofundamento do programa passa muito por essa participação, não como uma mera parceria, mas na gestão do programa.

Esta entrevista pode ser lida na íntegra na última edição da Store Magazine.

fs@storemagazine.pt

 

Newsletter

captcha 

Assinar Edição ImpressaAssinar Newsletter Diária